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quinta-feira, 4 de abril de 2013

PSICOPATOLOGIA DO PRÉ-ESCOLAR

Mais uma importante colaboração. Dr. Fábio Barbirato fala-nos sobre a Psicopatologia no Pré-Escolar. PSICOPATOLOGIA DO PRÉ-ESCOLAR Gabriela Macedo Dias Fábio M. Barbirato Nascimento Silva Segundo Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH) norte-americano, os sintomas e transtornos psiquiátricos “começam cedo na vida e são crônicos”1. Evidências crescentes nos mostram que crianças em idade pré-escolar (entre 3 e 6 anos de idade) podem apresentar graves problemas de saúde mental, interferindo no seu desenvolvimento emocional. Estimativas sugerem que 10 a 15% das crianças menores de 6 anos sofra de algum problema emocional ou comportamental2. No entanto, ainda há uma grande resistência na aplicação de diagnósticos psiquiátricos para essa população. Muitos pesquisadores e clínicos questionam se é possível, e até mesmo desejável, diagnosticar distúrbios psiquiátricos em crianças pré-escolares3. Egger e Angold4 citam algumas das preocupações: 1. o rápido desenvolvimento (físico, comportamental, emocional e cognitivo) nesse período, que impossibilitaria a identificação de sintomas válidos e confiáveis para o diagnóstico; 2. a possibilidade de alterações transitórias do comportamento serem classificadas como sintomas patológicos; 3. o fato de que os sistemas classificatórios atuais (DSM-IV e CID-10) não consideram as variações do desenvolvimento; 4. o “rótulo” da doença psiquiátrica que poderia afetar a percepção da criança de si mesma e a percepção de seus cuidadores; 5. o conhecimento de que muitas vezes o comportamento problemático da criança pode ser resultado da relação com os pais e do ambiente geral. Apesar de tudo isso, a maior preocupação está na crescente prescrição de medicações psicotrópicas para crianças entre 3 e 6 anos de idade. Em um estudo para determinar a prevalência do uso de psicotrópicos, Zito e colaboradores5 observaram que 1% das crianças estava recebendo medicação. Esse dado é alarmante porque o conhecimento da nosologia dos transtornos mentais nessa fase ainda está se iniciando. Embora a nossa compreensão da psicopatologia na pré-escola esteja muito distante do que já sabemos da psicopatologia na idade escolar e adolescência, os dados sugerem que para compreender verdadeiramente o "início precoce" do transtornos psiquiátricos, devemos começar o mais tardar no período pré-escolar4. Avaliação A avaliação da criança pré-escolar deve ser abrangente, envolvendo uma equipe multidisciplinar e múltiplas visitas. A história deve ser colhida não só com os pais, mas com todos aqueles que convivem com a criança, como babás e professores. É Importante ressaltar que a criança pré-escolar não funciona como um indivíduo psicologicamente autônomo, e que ela permanece ligada ao seu cuidador primário para o funcionamento adaptativo e emocional6. Ou seja o cuidador representa seu funcionamento e seu estado psicológico. Instrumentos Auxiliares no Diagnóstico Entre 2000 e 2002, um grupo de pesquisadores norte-americanos se reuniu com o objetivo de facilitar as pesquisas sobre a validade diagnóstica dos transtornos psiquiátricos na pré-escola e desenvolveu o Research Diagnostic Criteria-Preschool Age (RDC-PA)8. Mais tarde, pesquisadores do Centro de Epidemiologia do Desenvolvimento da Universidade de Duke (EUA) desenvolveram o PAPA9 (Preschool Age Psychiatric Assessment – Avaliação Psiquiátrica na Idade Pré-Escolar), que foi a primeira entrevista semi-estruturada desenvolvida para pré-escolares abordando múltiplos distúrbios. O PAPA é o instrumento mais utilizado atualmente em pesquisas. Recentemente, um novo instrumento diagnóstico foi criado, o Diagnostic Infant and Preschool Assessment (DIPA)10 . Dados preliminares apóiam o DIPA como uma medida válida e confiável para avaliação de sintomas tanto em pesquisa como na prática clínica com crianças muito pequenas. Diagnóstico dos Transtornos na Pré-Escola Dentre os transtornos psiquiátricos identificados na pré-escola, o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) e o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) são os mais estudados6. Existem também muitos estudos sobre a existência dos transtornos de humor na pré-escola, porém a maior parte é de um único grupo (Early Emotional Development Program) coordenado pela Dra Joan Luby da Universidade de Washington em ST. Louis6. Os transtornos ansiosos também são muito pesquisados. Os estudos sugerem que o diagnóstico psiquiátrico na pré-escola persiste na idade escolar e, portanto, justifica a necessidade da intervenção precoce12. A persistência do diagnóstico foi relacionada a uma série de fatores, incluindo baixa coesão familiar, status sócio-econômico e eventos negativos de vida13.Ouvir Ler foneticamente adjetivo 1.relutante 2.de má vontade 3.teimoso 4.que não está disposto a Tratamento O uso de psicofármacos na idade pré-escolar tornou-se um importante foco de atenção ao longo da última década, principalmente pelo aumento crescente observado nas taxas de prescrições de psicotrópicos para essas crianças47. No entanto, as pesquisas focadas em intervenções psicofarmacológicas para pré-escolares estão atrasadas em relação a prática clínica. Assim, frequentemente médicos e famíliares enfrentam o dilema de avaliar riscos e benefícios de intervenções psicofarmacológicas para o tratamento de crianças para as quais a psicoterapia tem se mostrado ineficaz48. Vários fatores influenciam a avaliação do uso de tratamentos psicofarmacológicos em crianças muito pequenas49. 1. Rápido desenvolvimento do Sistema Nervoso Central; 2. Absorção, distribuição e metabolismo diferenciados; 3. Altas taxas de efeitos adversos; 4. Nível de desenvolvimento emocional, cognitivo e da linguagem; 5. Importância da relação pais/cuidadores com a criança no desenvolvimento; 6. DSM-IV não ter critérios para crianças muito pequenas; 7. Raras medicações aprovada para uso em menores de 5 anos de idade; 8. Poucas evidências sobre o tratamento psicossocial. Em 2007, a Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência (AACAP) publicou um artigo com recomendações para o uso de psicofármacos em crianças entre 3 e 6 anos de idade50. Além das orientações para o tratamento farmacológico, esse artigo também apresentou princípios gerais para avaliação e recomendações para diagnósticos específicos nessa faixa etária. Foi proposto uma algoritmo para cada transtorno, com 5 recomendações em comum: 1. Ênfase na importância da avaliação e do diagnóstico correto, incluindo freqüentes reavaliações, a cada mudança de plano de tratamento; 2. A primeira linha de tratamento deve ser a intervenção psicoterapêutica. E que esta deve ser continuada, mesmo quando os medicamentos são indicados posteriormente; 3. Os clínicos devem considerar o nível de evidência científica antes de desenvolver um plano de tratamento; 4. Recomendações para um plano de descontinuação depois do tratamento ter sido bem sucedido. E reavaliação do diagnóstico, uma vez que a validade do diagnóstico neste período ainda é limitada; e o desenvolvimento, assim como os efeitos do tratamento, podem modificar a necessidade de medicação. 5. Recomendações para consulta a outros profissionais quando necessário ou quando o paciente passou por todos os passos do algoritmo e ainda continua a ter sintomas com prejuízo significativo.

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